Hemivértebra congênita: causas, sintomas e tratamento
Entenda o que é hemivértebra congênita, sinais de alerta e opções de tratamento.
A hemivértebra congênita é uma malformação da coluna em que uma vértebra se forma apenas pela metade, em formato de cunha.
Essa alteração muda o alinhamento da coluna, pode provocar escoliose e, em alguns casos, sintomas neurológicos.
Identificar o problema cedo ajuda a planejar o tratamento e evitar deformidades mais graves ao longo do crescimento.
O que é hemivértebra congênita
Em uma coluna considerada normal, cada vértebra se desenvolve como um bloco mais ou menos retangular, empilhado sobre o outro.
Na hemivértebra congênita, uma parte desse corpo vertebral não se forma, deixando a vértebra em forma de cunha.
Esse desnível desvia o eixo da coluna e favorece uma curva que tende a piorar nos períodos de estirão, como infância tardia e adolescência.
A hemivértebra é essa vértebra incompleta. Em algumas crianças é a única alteração, em outras aparece junto de outras falhas na formação da coluna.
Causas e fatores de risco
A hemivértebra congênita surge por alterações no desenvolvimento da coluna ainda na vida intrauterina.
Durante as primeiras semanas de gestação, as estruturas que formam as vértebras não se separam ou não se modelam da forma esperada, o que leva à formação parcial do corpo vertebral.
Algumas alterações nos genes que comandam a formação dos ossos e das cartilagens podem favorecer o aparecimento da hemivértebra.
Em algumas crianças, a hemivértebra não aparece isolada. Pode vir acompanhada de sopros cardíacos, alterações nos rins ou problemas na medula espinhal, o que leva o médico a investigar outros órgãos além da coluna.
Quando o pré-natal é bem conduzido, com ultrassons e outros exames de imagem nos momentos certos, cresce a possibilidade de identificar cedo essas alterações estruturais e organizar o cuidado ainda no início da vida.
Sintomas da hemivértebra em bebês e crianças
Os sinais variam bastante, mas os seguintes são identificados:
- Assimetria dos ombros, com um lado mais alto que o outro;
- Quadril desalinhado, com um lado aparentemente mais elevado;
- Costas com “corcova” localizada, perceptível quando a criança se inclina para a frente;
- Diferença no contorno da cintura ao olhar a criança por trás;
- Em casos mais avançados, queixa de dor nas costas em fases de maior crescimento;
- Sinais neurológicos, como fraqueza ou alterações de sensibilidade nas pernas, em quadros com compressão da medula.
Quanto mais cedo a curva se manifesta e quanto mais rígida ela parece, maior a chance de progressão. Por isso, a avaliação especializada na infância tem impacto direto no prognóstico.
Como é feito o diagnóstico
Na prática, tudo começa na consulta com o ortopedista pediátrico ou com o especialista em coluna, que escuta a história da família e examina a criança com calma.
No exame, o médico observa como a criança se posiciona em pé, sentada e ao se inclinar, confere o alinhamento de ombros, costelas e quadris, compara o comprimento das pernas e testa força, sensibilidade e reflexos
Os exames de imagem confirmam a presença da hemivértebra e esclarecem a gravidade da deformidade. Em geral, são solicitados:
- Radiografias panorâmicas da coluna em pé, para medir o grau da curva e localizar a hemivértebra;
- Tomografia computadorizada, que mostra com precisão o formato das vértebras e a anatomia óssea;
- Ressonância magnética, útil para avaliar medula espinhal, raízes nervosas e eventuais malformações associadas;
- Em alguns casos, exames complementares para investigar coração, rins e outros órgãos.
Quando há suspeita ainda durante a gestação, o ultrassom morfológico pode levantar a hipótese de hemivértebra fetal.
Após o nascimento, o bebê deve ser acompanhado por equipe habituada a deformidades congênitas da coluna.
Tratamento
O plano de tratamento leva em conta a idade da criança, localização da hemivértebra, grau de curva, presença de outras malformações e impacto funcional.
Em curvas pequenas e estáveis, com bom alinhamento global, o médico pode optar apenas por observação periódica, com consultas e radiografias em intervalos definidos.
Em algumas situações selecionadas, o uso de colete pode auxiliar no controle da progressão de curvas associadas, especialmente quando existem segmentos da coluna ainda móveis.
Quando a cirurgia é indicada
A cirurgia costuma ser considerada quando a curva é acentuada, demonstra progressão rápida ou já compromete o equilíbrio do tronco.
Outras indicações frequentes são dor persistente, sinais neurológicos e deformidade com forte impacto estético e funcional.
Uma das técnicas mais utilizadas é a ressecção da hemivértebra, cujo objetivo central é frear a progressão da deformidade, preservando ao máximo a mobilidade dos segmentos saudáveis.
Recuperação após o tratamento cirúrgico
A recuperação depende da idade, do tipo de cirurgia e do estado geral da criança. Em muitos casos o paciente fica alguns dias internado para controle da dor e início da mobilização.
A fisioterapia costuma entrar cedo no pós-operatório, ajudando na volta a andar, no fortalecimento da musculatura e na proteção da área operada durante os movimentos do dia a dia.
Depois da alta, o cuidado continua. Consultas periódicas com ortopedista especializado em deformidades da coluna permitem acompanhar o crescimento, verificar se o eixo da coluna segue alinhado e se a parte neurológica está preservada
Vida diária e cuidados com a criança
Quando o cuidado é bem feito, muitas crianças com hemivértebra congênita mantêm uma rotina ativa, vão à escola, brincam e podem participar de esportes compatíveis com a condição.
A prática de atividade física ajuda a fortalecer a musculatura, melhora o condicionamento e contribui para o equilíbrio emocional, desde que os exercícios respeitem os limites combinados com o especialista.
O contato próximo com a escola e com outros cuidadores facilita ajustar as atividades quando preciso e faz com que sinais de cansaço, dor ou desconforto sejam percebidos mais cedo.
Quando procurar um especialista em coluna pediátrica
Os pais devem buscar avaliação com ortopedista pediátrico ou cirurgião de coluna quando percebem assimetria do tronco, diferença entre os ombros, costela mais saliente de um lado, inclinação da cabeça ou queixas de dor nas costas fora do padrão da idade.
Crianças com diagnóstico prévio de hemivértebra precisam de seguimento regular, mesmo que pareçam sem sintomas.
Quanto mais precoce o diagnóstico, maiores as chances de planejar intervenções no momento certo e reduzir o impacto da deformidade ao longo da vida adulta.
FAQs
Hemivértebra congênita sempre causa dor?
Nem toda criança com hemivértebra congênita sente dor. Em muitos casos o problema é percebido apenas pela deformidade da coluna. A dor costuma surgir em curvas mais acentuadas, em fases de crescimento ou quando há sobrecarga mecânica e alterações associadas.
Toda hemivértebra congênita precisa de cirurgia?
Não. Hemivértebras pequenas, bem equilibradas e com curvas discretas podem ser apenas observadas, com controles clínicos e radiográficos periódicos. A cirurgia entra em cena quando existe risco de progressão importante, desequilíbrio do tronco, dor persistente ou comprometimento neurológico.
Hemivértebra congênita pode ser vista no ultrassom da gestação?
Em alguns casos, sim. Exames de ultrassom morfológico detalhado conseguem identificar alterações na formação da coluna fetal, incluindo suspeita de hemivértebra. Mesmo assim, muitas deformidades só ficam claras após o nascimento, com radiografias específicas da coluna.
A criança com hemivértebra congênita pode praticar esportes?
Na maioria das vezes a prática esportiva é incentivada, desde que haja liberação do especialista e respeito a possíveis limitações. Atividades que fortalecem a musculatura do tronco e melhoram o condicionamento costumam ser positivas. Em situações de dor ou logo após cirurgias, o médico ajusta as orientações.
Hemivértebra congênita tem cura?
A malformação em si não desaparece, mas o tratamento adequado controla a progressão da curva e melhora o alinhamento da coluna. Com acompanhamento, muitas crianças alcançam boa função, mobilidade e qualidade de vida na vida adulta.



