Patologias da Coluna

Cifose em crianças: sinais, causas e tratamento

Veja como identificar os sinais de cifose em crianças, como diagnosticar e tratar.

Cifose em crianças é o aumento da curvatura para frente na parte alta das costas quando a coluna é vista de lado.

Um certo grau de curvatura é normal, mas o ponto de atenção aparece quando o arredondamento chama a atenção no espelho, nas fotos ou no exame do pediatra, principalmente na fase de crescimento.

Em muitos casos, o padrão é postural e melhora com ajuste de hábitos, fortalecimento e orientação.

Já em outros, a curvatura é estrutural e pode evoluir durante a adolescência, exigindo acompanhamento com especialista em coluna para decidir o melhor caminho.

Cifose em crianças: o que é e o que é normal

A coluna tem curvas naturais que ajudam a absorver impactos e manter o equilíbrio. Na região torácica (parte alta das costas), existe uma cifose fisiológica.

O problema aparece quando o ângulo aumenta além do esperado, a postura fica marcada e a criança não consegue “desfazer” a curvatura ao tentar ficar reta.

Em consultório, a avaliação considera três pontos:

  1. A medida da curvatura (ângulo).
  2. A flexibilidade (se corrige ou não ao se posicionar).
  3. O impacto na vida da criança (dor, limitação, cansaço, autoestima).

Por que a coluna pode “arredondar” na infância e adolescência

O período de estirão é o mais “sensível” para alterações do alinhamento da coluna.

Nessa fase, alguns fatores se somam: aumento rápido da altura, força muscular ainda em adaptação, longos períodos sentado e hábitos posturais ruins.

Em parte dos casos, existe um componente hereditário, mais visto na cifose de Scheuermann.

  • Rotina prolongada sentado (celular, videogame, computador, estudo).
  • Fraqueza de musculatura extensora das costas e do core.
  • Rigidez de peitoral e flexores do quadril.
  • Estirão do crescimento.
  • Histórico familiar de alterações da coluna.

Sinais e sintomas que merecem atenção

Em cifose em crianças, alguns sinais aparecem no dia a dia e outros surgem no exame físico.

Dor não é obrigatória, principalmente na forma postural, mas a presença de desconforto constante muda a prioridade de avaliação.

  • Ombros muito arredondados e cabeça projetada para frente.
  • “Calombo” na parte alta das costas, mais visível ao inclinar para frente.
  • Assimetria de ombros ou escápulas.
  • Rigidez para esticar a coluna torácica.
  • Dor nas costas que volta com frequência.
  • Cansaço ao ficar muito tempo sentado ou em pé.

Procure avaliação mais rápida se houver falta de ar aos esforços leves, dor intensa, formigamento, perda de força, febre, histórico recente de trauma ou perda de peso sem explicação.

Nesses cenários, é preciso descartar causas menos comuns.

Como é feito o diagnóstico

O diagnóstico começa com conversa detalhada sobre rotina, sintomas, período de crescimento e histórico familiar.

No exame físico, o médico observa o alinhamento, mede a flexibilidade e avalia encurtamentos musculares, como isquiotibiais e peitorais.

  • A radiografia em perfil costuma ser o exame inicial para medir o ângulo da curva e checar se há alterações estruturais nas vértebras.
  • Em situações selecionadas, a ressonância pode ser pedida para avaliar medula e discos, e a tomografia pode ajudar quando existe dúvida anatômica.
  • Testes de função pulmonar entram em cena quando há queixa respiratória e curvaturas mais acentuadas.

Tratamento: o que muda de um caso para outro

O tratamento depende do tipo de curva, do grau, da idade e do quanto a criança ainda vai crescer.

Em cifose em crianças, o objetivo mais comum é frear a progressão durante o estirão e melhorar a função e aparência com o mínimo de impacto na rotina.

Acompanhamento e observação

Curvas leves, principalmente posturais, podem ficar só em acompanhamento, com reavaliações periódicas e ajuste de plano conforme o crescimento.

Esse controle é importante porque a evolução costuma acontecer em fases.

Fisioterapia e exercícios

É a base na maioria dos casos. O foco é fortalecer extensores das costas e estabilizadores do tronco, melhorar mobilidade torácica e alongar grupos encurtados.

A criança precisa de um plano que caiba na rotina, porque constância vale mais que intensidade.

  • Fortalecimento de core e cintura escapular.
  • Exercícios de extensão torácica e controle postural.
  • Alongamentos de peitoral, isquiotibiais e flexores do quadril.
  • Treino de ergonomia (mesa, cadeira, mochila, tela).

Colete ortopédico

O colete pode ser indicado quando a curva é moderada, a criança ainda está crescendo e existe risco real de progressão, mais comum na cifose de Scheuermann.

Ele não “cura” sozinho, funciona como ferramenta para guiar o crescimento, somando com fisioterapia. O resultado depende muito do uso correto no tempo recomendado.

Cirurgia

Fica reservada para casos graves, progressivos, com dor relevante, deformidade importante ou impacto funcional.

O procedimento varia conforme a situação, mas, de forma geral, busca corrigir e estabilizar a coluna. A indicação é individual, com discussão clara sobre benefícios, riscos e recuperação.

Prognóstico e vida normal: o que esperar

Na maioria dos quadros posturais, a evolução é boa com hábitos e fisioterapia.

Atividade física é aliada. Caminhada, natação, fortalecimento orientado e esportes com preparo adequado ajudam a postura e a saúde geral.

O ponto é ajustar carga e técnica, evitando excesso quando há dor ou rigidez importante.

Dá para prevenir?

Nem toda cifose em crianças é prevenível, já que algumas formas são estruturais ou congênitas.

O que é possível fazer no dia a dia é reduzir o risco de padrão postural persistente e melhorar o “ambiente” para a coluna crescer bem.

  • Intercalar tempo sentado com pausas curtas e movimento.
  • Ajustar altura de tela, cadeira e mesa para evitar inclinar o tronco.
  • Evitar mochila muito pesada e usar as duas alças.
  • Manter rotina de atividade física e fortalecimento.

FAQs

Cifose em crianças sempre é má postura?

Não. A forma postural é comum, mas existe cifose estrutural, como a de Scheuermann, e a congênita. A diferença aparece no exame físico e na radiografia.

Quando a “corcunda” vira motivo de consulta?

Quando o arredondamento é evidente, quando a criança não consegue corrigir ao tentar ficar reta, quando há dor frequente, rigidez ou piora durante o crescimento.

Qual exame confirma a curvatura?

A radiografia em perfil mede o ângulo e ajuda a separar padrão postural de alterações estruturais. Outros exames entram apenas quando existe indicação clínica.

O colete resolve sozinho?

Ele ajuda a controlar a progressão durante o crescimento, principalmente em curvas moderadas. O melhor resultado costuma vir com uso correto e fisioterapia associada.

Cifose em crianças causa falta de ar?

Curvas leves raramente. Em curvaturas acentuadas, pode haver limitação do tórax. Se houver queixa respiratória, é motivo para avaliação médica.

Exercício físico piora a cifose?

Na maioria dos casos, não. O que piora é treinar com técnica ruim, carga excessiva ou ignorando dor. Com orientação, atividade física costuma ajudar postura, força e confiança.

Existe risco de cirurgia?

Toda cirurgia tem riscos. Ela é considerada quando o benefício esperado supera esses riscos, em quadros graves, progressivos ou com impacto importante. A decisão deve ser individual e bem discutida.

Dr. Aurélio Arantes

Especialista em ortopedia de coluna em Goiânia. Membro titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT) e da Sociedade Brasileira de Coluna (SBC). Preceptor do Departamento de Ortopedia e Traumatologia do HC-UFG e membro da diretoria da SBOT Goiás.

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Dr. Aurélio Arantes