Cifose postural: sintomas, causas e tratamento

Cifose é uma curvatura normal da coluna torácica quando observamos o corpo de perfil. O problema começa quando a curvatura aumenta e muda a postura, gerando a aparência de “corcunda”.

Dentro desse cenário, a cifose postural é a causa mais comum, costuma ser flexível e, na maioria das vezes, melhora com medidas clínicas bem conduzidas.

Este conteúdo explica o que diferencia essa condição de outras hipercifoses, quais sinais merecem atenção e quais estratégias de tratamento tendem a trazer melhores resultados.

O que é cifose?

A cifose torácica faz parte do alinhamento normal da coluna. Em muitos casos, valores por volta de 20 a 45 graus são considerados esperados.

Quando esse ângulo passa do limite e a postura começa a “fechar” o tórax e projetar a cabeça para frente, falamos em hipercifose.

Nem toda cifose dói, mas ela pode sobrecarregar músculos, articulações e discos, principalmente quando existe desequilíbrio muscular e rotina prolongada sentado.

Quais sinais e sintomas podem aparecer

Muitas pessoas procuram avaliação por incômodo estético e por sensação de postura “caída”. Em quadros leves, o desconforto é intermitente e piora após longos períodos na mesma posição.

• Ombros projetados para frente e peito “fechado”.
• Cabeça anteriorizada (pescoço à frente do tronco).
• Cansaço muscular na região dorsal após estudo ou trabalho.
• Rigidez de peitoral e flexores do quadril.
• Dor nas costas após ficar muito tempo sentado ou no celular.

Alguns sinais pedem avaliação médica mais rápida, como:

• Dor noturna persistente.
• Perda de força.
• Formigamento nas pernas.
• Alteração de marcha.
• Falta de ar em repouso.
• Curva rígida que não melhora quando a pessoa “se ajeita”.

O que é cifose postural

A cifose postural é uma hipercifose associada ao hábito postural, sem deformidade estrutural das vértebras.

Ela é chamada de flexível porque a curvatura reduz quando a pessoa faz extensão ativa do tronco ou deita e relaxa.

É muito frequente na pré-adolescência e adolescência, fase em que o crescimento acelera e a coordenação corporal demora a acompanhar.

Também aparece em adultos por ergonomia inadequada, sedentarismo e uso prolongado de telas.

O caminho mais eficaz para corrigir é a reeducação do movimento com fortalecimento e mobilidade, sustentados por mudança de rotina.

Como é feito o diagnóstico

O diagnóstico começa no consultório. O exame físico observa o alinhamento, mobilidade torácica, padrão respiratório, encurtamentos e a flexibilidade da curva.

Um teste simples é avaliar se a postura melhora com extensão ativa e com correção guiada.

Quando há dúvida, a curva parece rígida, existe dor importante ou quando se quer medir a gravidade, a radiografia em perfil é o exame básico.

Ela permite calcular o ângulo de Cobb e procurar sinais que sugerem alterações estruturais.

Tomografia e ressonância não são rotina na cifose postural. Elas são úteis quando há suspeita de causa congênita, trauma, sintomas neurológicos ou outras condições associadas.

Tratamento: o que costuma funcionar

O objetivo é reduzir a curva funcional, melhorar o controle postural e diminuir a sobrecarga. O tratamento combina educação, exercícios bem selecionados e ajustes no dia a dia.

Em adolescentes, a adesão melhora quando o plano é claro, mensurável e integrado à rotina escolar e esportiva.

• Fisioterapia: foco em reeducação do movimento, estabilidade do tronco e controle das escápulas.
• Mobilidade torácica: exercícios de extensão torácica e melhora da rotação.
• Alongamentos: peitoral, flexores do quadril e cadeia anterior.
• Fortalecimento: extensores torácicos, romboides, trapézio médio e inferior, glúteos.
• Treino de hábitos: pausas programadas, altura da tela, apoio lombar e posição dos pés.

Coletes (órteses) raramente são necessários na cifose postural, já que o problema não é estrutural, inclusive até podem piorar a consciência corporal.

O uso costuma ser discutido quando existe hipercifose importante com risco de progressão e quando o especialista suspeita de outro tipo de cifose durante o crescimento.

Prevenção e hábitos que ajudam no dia a dia

Quando a origem é postural, prevenção é possível. O ponto central é reduzir o tempo contínuo na mesma posição e construir força de sustentação do tronco.

Em crianças e adolescentes, atividade física regular melhora coordenação e percepção corporal. Em adultos, pequenas mudanças diárias podem evitar recaídas após melhora clínica.

• Pausas curtas a cada 40 a 60 minutos de tela.
• Celular na altura dos olhos com apoio do antebraço.
• Mochila ajustada e com peso adequado.
• Cadeira com apoio e pés bem posicionados no chão.

O que pode acontecer se não tratar

Em muitos casos, a cifose postural não evolui para complicações graves, mas pode manter um ciclo de dor e fadiga muscular, com limitação de atividades, piora de desempenho esportivo e menor tolerância ao trabalho sentado.

Curvas muito acentuadas e rígidas, de outras causas, podem repercutir em função respiratória e, raramente, em quadro neurológico.

A mensagem prática é simples: quanto mais cedo houver avaliação com ortopedista com experiência em tratamento de cifose, mais fácil é corrigir durante a fase de crescimento e mais previsível é a resposta à abordagem terapêutica.

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