Patologias da Coluna

Cervicalgia: Causas, Sintomas e Tratamentos

Observo diariamente no consultório o quanto a cervicalgia pode atrapalhar a rotina de homens e mulheres de diferentes faixas etárias.

Essa dor localiza-se na região cervical da coluna, produzindo desconforto que chega a irradiar para braços e ombros, impactando a capacidade de realizar tarefas simples.

Muitos dos meus pacientes relatam dificuldade para virar a cabeça, sensações de formigamento e cansaço na musculatura do pescoço.

Meu objetivo, como ortopedista de coluna em Goiânia, é sempre buscar soluções que promovam alívio e prevençam complicações futuras.

Acompanhar cada caso de maneira individualizada torna-se fundamental, pois a dor pode ser reflexo de lesões traumáticas, processos degenerativos e até questões emocionais.

Compreendendo as origens da cervicalgia

A cervicalgia pode ter diferentes causas, e muitas vezes o problema não está ligado a um único fator. Vários elementos atuam simultaneamente, agravando o quadro de dor:

  • Postura inadequada: indivíduos que passam muitas horas inclinados sobre o computador ou smartphone tendem a sobrecarregar a região cervical.
  • Sobreuso da musculatura: exercícios repetitivos ou movimentos bruscos podem provocar tensão e microlesões.
  • Fatores emocionais: o estresse pode desencadear contrações musculares constantes, levando a desconforto cervical.
  • Traumas: acidentes com movimentos de “chicote” (whiplash) ou impactos diretos são frequentes em consultórios de ortopedia.
  • Doenças específicas: hérnias de disco, artrose, fibromialgia e outras condições clínicas também apresentam dor na região do pescoço.

Uma das situações que noto em meus pacientes envolve o “pescoço de texto”, resultado da inclinação prolongada ao olhar para dispositivos móveis, o que exige um esforço extra da coluna cervical, aumentando o desgaste articular e a fadiga muscular.

Sintomas mais frequentes

A manifestação da cervicalgia pode ser aguda ou crônica, variando em intensidade e duração. Entre as principais queixas, destaco:

  • Dor localizada ou irradiada: pode se estender para ombros, braços e parte superior das costas.
  • Limitação de movimentos: rotacionar a cabeça ou inclinar o pescoço passa a ser difícil.
  • Rigidez: muitos relatam sensação de “pescoço travado”.
  • Espasmos musculares: contrações involuntárias que elevam o incômodo.
  • Formigamento ou fraqueza nos membros superiores: sinal de compressão nervosa.

Em alguns casos, a dor surge subitamente, durando poucos dias. Em outros, persiste por semanas ou meses, afetando o sono, o humor e a produtividade no trabalho ou nos estudos.

Quando há sinais de irradiação, sempre investigo possíveis compromissos neurológicos.

Caminhos para o diagnóstico

O diagnóstico envolve anamnese detalhada, avaliação clínica e exames complementares. Costumo iniciar pela conversa com o paciente, buscando entender o histórico de dores, atividades diárias e possíveis fatores de risco.

Em seguida, realizo testes físicos, avaliando a mobilidade cervical, a sensibilidade e a força muscular.

Quando necessário, solicito radiografias ou ressonância magnética para verificar alterações estruturais, como hérnias de disco ou processos degenerativos.

A tomografia computadorizada também pode ser útil em casos de suspeita de fraturas ou deformidades ósseas. Já a eletroneuromiografia aponta se existe comprometimento das raízes nervosas.

Abordagens de tratamento

O tratamento direcionado à cervicalgia depende do que está causando a dor, da intensidade dos sintomas e do tempo de evolução.

Na maioria dos casos, a proposta inicial é conservadora. As principais estratégias adotadas são:

Medicamentos e alívio imediato

  • Analgésicos e anti-inflamatórios ajudam a reduzir a dor e a inflamação.
  • Relaxantes musculares podem amenizar espasmos intensos.
  • Opioides leves, em algumas situações, são usados por curtos períodos.
  • Infiltrações com corticosteroides em casos de dor resistente a outras medidas.

O principal cuidado é ajustar a medicação à necessidade real do paciente e evitar uso prolongado que possa gerar efeitos indesejados.

Fisioterapia e exercícios

A fisioterapia é uma grande aliada no combate à cervicalgia. O fisioterapeuta orienta:

  • Exercícios de alongamento: visam recuperar a elasticidade dos músculos e ligamentos cervicais.
  • Fortalecimento muscular: séries específicas melhoram a estabilidade do pescoço e previnem reincidências.
  • Terapia manual: manipulações suaves auxiliam na restauração da biomecânica das articulações.
  • Eletroterapia (TENS): tecnologia que modula a dor por meio de estímulos elétricos.

Vejo resultados positivos em pacientes que aderem a um programa de exercícios regulares. Muitos retomam atividades cotidianas e conquistam maior autonomia.

Uso de dispositivos auxiliares

Algumas pessoas sentem alívio ao utilizar colar cervical, mas é importante o uso controlado para não atrofiar a musculatura do pescoço.

Outra medida é escolher um travesseiro mais adequado, alinhando cabeça e coluna durante o sono.

Em situações crônicas, é possível usar suportes de estabilidade provisória, evitando que o paciente mantenha posturas incômodas por tempo excessivo.

Procedimentos cirúrgicos

A cirurgia é recomendada apenas em cenários em que a compressão nervosa é grave ou quando outras abordagens falharam.

Tem por objetivo descomprimir a raiz nervosa ou a medula, reduzindo dores irradiadas e restabelecendo funções motoras.

É um recurso que demanda avaliação criteriosa, pois envolve riscos e requer reabilitação pós-operatória.

Prevenção e hábitos saudáveis

Diversas medidas simples podem reduzir o risco de cervicalgia e melhorar a qualidade de vida:

  • Adaptação ergonômica: manter o monitor na altura dos olhos e ajustar a cadeira para um bom apoio lombar.
  • Pausas frequentes: levantar, alongar e movimentar ombros e pescoço durante o dia de trabalho ou estudo.
  • Prática de atividades físicas: exercícios que fortaleçam a musculatura cervical, como treinamento funcional e Pilates.
  • Controle do estresse: atividades relaxantes, meditação e psicoterapia são valiosas para quem sofre com tensão crônica.
  • Orientações posturais: segurar o smartphone na altura dos olhos e evitar passar horas com a cabeça abaixada.

Uma rotina equilibrada contribui para reduzir a sobrecarga na região cervical e amenizar dores recorrentes.

Meus pacientes relatam menos episódios de rigidez quando adotam pausas estratégicas e cuidados com a postura.

Conclusão

A cervicalgia se manifesta de várias maneiras e exige atenção constante, pois interfere na rotina e na saúde emocional de quem sofre com o problema.

Observar cada indivíduo de forma integrada auxilia na elaboração de um plano de tratamento mais eficiente, combinando medicação, fisioterapia e técnicas de alívio do estresse.

Quem deseja prevenir esse desconforto deve considerar ajustes ergonômicos e ações diárias que conservem a boa mecânica cervical.

Minha recomendação como ortopedista é buscar avaliação especializada sempre que a dor se tornar persistente ou vier acompanhada de dormências e fraqueza. Desse modo, as chances de evitar complicações e retomar as atividades normais aumentam significativamente.

Caso você tenha dúvidas específicas ou queira saber como adaptar essas orientações à sua realidade, procure um profissional habilitado.

Cuidar da região cervical é fundamental para viver com mais conforto e bem-estar.

Imagens: Créditos Freepik

Dr. Aurélio Arantes

Especialista em ortopedia de coluna em Goiânia. Membro titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT) e da Sociedade Brasileira de Coluna (SBC). Preceptor do Departamento de Ortopedia e Traumatologia do HC-UFG e membro da diretoria da SBOT Goiás.

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Dr. Aurélio Arantes