Patologias da Coluna

Sacralização de L5: sintomas, diagnóstico e tratamento

A sacralização de L5 é uma variação anatômica em que a quinta vértebra lombar se funde parcial ou totalmente ao sacro, o que pode alterar a mecânica da lombar e favorecer dor.

Este guia explica o que é a sacralização de L5, causas, sinais de alerta, exames, opções de tratamento e cuidados práticos para o dia a dia.

O que é sacralização de L5

Na sacralização de L5, a vértebra L5 passa a se comportar como parte do sacro.

A fusão pode ser completa, com união óssea sólida, ou incompleta, quando existe uma pseudoarticulação com pequeno movimento.

A presença dessa transição modifica o suporte de carga entre L5 e S1 e pode gerar sobrecarga em níveis adjacentes.

Sacralização L5 e síndrome de Bertolotti

Quando a sacralização de L5 se associa a dor lombar persistente e hipersensibilidade localizada, muitos casos se enquadram na chamada síndrome de Bertolotti.

O ponto chave é a sobrecarga mecânica na pseudoarticulação ou nas facetas vizinhas, que pode irradiar para glúteo e coxa.

Causas e fatores de risco

  • Origem congênita, com variação do desenvolvimento ósseo na junção lombossacra.
  • Predisposição familiar documentada em parte dos casos.
  • Descondicionamento muscular do core que aumenta a carga nos níveis L4 a S1.
  • Associados menos comuns, como artrose facetária e discopatia em níveis adjacentes.

A sacralização de L5 não é consequência de um único evento, o padrão estrutural nasce com a pessoa e os sintomas tendem a surgir quando há desequilíbrio de forças, quedas de condicionamento ou picos de esforço.

Sintomas: quando suspeitar

  • Dor lombar em faixa, com piora ao ficar muito tempo sentado ou em pé.
  • Rigidez matinal curta com sensação de travamento em L5-S1.
  • Irradiação para glúteo, coxa ou joelho, em padrão ciático.
  • Espasmo paravertebral e redução da flexão lateral de um dos lados.
  • Quadros intermitentes que pioram após esforço, impacto ou longas viagens.

Nem toda sacralização de L5 dói. Muitas pessoas permanecem sem sintomas por anos.

A investigação ganha importância quando a dor limita atividades, quando há perda de força ou quando ocorre recorrência frequente.

Como confirmar o diagnóstico

O diagnóstico da sacralização de L5 é clínico e por imagem.

  • O exame físico avalia a dor provocada em L5-S1, teste de flexão e extensão e força do core.
  • A radiografia da coluna lombossacra em incidências anteroposterior e oblíquas costuma mostrar a transição.
  • Tomografia define a anatomia óssea e a extensão da fusão.
  • Ressonância magnética avalia disco, facetas e raízes nervosas.
  • Em casos selecionados, infiltração diagnóstica na pseudoarticulação ajuda a confirmar a fonte da dor.

Tratamento: do alívio ao controle duradouro

O manejo começa com medidas conservadoras. A maioria dos pacientes com sacralização de L5 melhora com treino muscular, ajustes de rotina e controle de inflamação.

A decisão terapêutica considera intensidade de dor, impacto funcional e resposta aos primeiros 6 a 12 semanas de cuidado estruturado.

Medidas iniciais

  • Orientar pausas ativas e ergonomia em trabalho e direção.
  • Aplicar calor local nas fases de rigidez e gelo em picos de dor.
  • Anti-inflamatórios e relaxantes por curto período, com prescrição médica.
  • Correção de padrões de movimento, como dobrar quadril e joelhos ao abaixar.

Fisioterapia e reabilitação

  • Fortalecimento do core, incluindo transverso do abdome, multífidos e glúteos.
  • Mobilidade de quadril e torácica para reduzir carga em L5-S1.
  • Estabilização segmentar com progressão de carga e controle respiratório.
  • Trabalho proprioceptivo e reeducação postural.

Em quadros resistentes, a sacralização de L5 pode responder à infiltração guiada por imagem na pseudoarticulação ou nas facetas sobrecarregadas. O objetivo é reduzir inflamação e facilitar a reabilitação.

Quando considerar cirurgia

Indica-se procedimento apenas em minoria dos casos, após falha de tratamento conservador bem conduzido.

As opções incluem ressecção da pseudoarticulação dolorosa ou artrodese seletiva. A decisão é individual, baseada na anatomia e nos testes diagnósticos.

Cuidados diários e prevenção de recaídas

  • Manter rotina de fortalecimento do core por pelo menos 3 dias na semana.
  • Preferir exercícios de baixo impacto, como caminhada rápida, bike e natação.
  • Ajustar a estação de trabalho, tela na altura dos olhos e apoio lombar.
  • Fracionar tarefas pesadas, dividir cargas entre as mãos e aproximar o peso do corpo.
  • Controlar sono e estresse, que amplificam a percepção de dor.

Com abordagem estruturada, a maioria volta às atividades sem limitação. A sacralização de L5 é manejável e não impede vida ativa.

FAQs

Sacralização de L5 sempre causa dor?

Não. Muitas pessoas descobrem a variação por acaso em exames. A dor aparece quando há sobrecarga mecânica ou inflamação na pseudoarticulação, nas facetas ou em níveis adjacentes.

Qual a diferença entre sacralização de L5 e hérnia de disco?

A sacralização de L5 é variação estrutural da junção L5-S1. A hérnia é ruptura do disco com extravasamento de material. Podem coexistir, mas são condições distintas e exigem estratégias próprias.

Exercício piora a sacralização de L5?

Exercício mal dosado pode agravar sintomas. Treino orientado de core e mobilidade tende a proteger a região, reduzindo crises e melhorando a função.

Quando procurar avaliação médica?

Se a dor persiste por mais de 2 a 4 semanas, se há dormência, perda de força, queda de rendimento no trabalho ou limitação em atividades simples como calçar sapatos, procure atendimento.

A sacralização de L5 tem cura definitiva?

O formato ósseo não muda, porém o controle de sintomas é possível com fortalecimento, ajustes de rotina e, quando indicado, infiltração. Cirurgia é exceção para casos refratários.

Quais esportes são mais indicados?

Atividades de baixo impacto, como natação, bike e caminhada, costumam ser bem toleradas. Com preparo adequado, é possível retornar a treinos mais intensos de forma gradual.

Dr. Aurélio Arantes

Especialista em ortopedia de coluna em Goiânia. Membro titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT) e da Sociedade Brasileira de Coluna (SBC). Preceptor do Departamento de Ortopedia e Traumatologia do HC-UFG e membro da diretoria da SBOT Goiás.

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Dr. Aurélio Arantes