Sintomas e Diagnósticos

Escoliose dói? Entenda a dor e o que fazer

Descubra se escoliose dói, quando a dor aparece e como aliviar.

A pergunta se “escoliose dói” é uma das perguntas mais comuns no consultório. E a resposta honesta é: pode doer, sim, só que não do jeito que muita gente imagina.

Na maioria das vezes, a dor vem de músculos sobrecarregados e de estruturas ao redor da coluna, não do “osso torto”.

Saber de onde vem o incômodo ajuda a escolher o tratamento certo e evita o medo desnecessário.

Escoliose e dor: o que realmente está doendo?

Quando a coluna tem uma curva em “C” ou “S”, o corpo compensa. Um lado trabalha mais, o outro encurta, a cintura escapular muda, a pelve pode ficar desalinhada.

Na prática, quando a “escoliose dói”, as fontes mais frequentes são:

  • Músculos (fadiga, pontos de tensão, espasmo, rigidez);
  • Articulações entre as vértebras (sobrecarga e inflamação local);
  • Discos (degeneração, irritação, dor mecânica);
  • Nervos (compressão ou irritação, com dor irradiada).

A estrutura óssea em si costuma ser a menor parte do problema. A questão é o “trabalho extra” que o corpo faz para manter você em pé e em movimento.

Em quais situações a escoliose dói mais?

Nem toda escoliose dá sintomas. Mesmo assim, existe um padrão: idade e tipo de escoliose pesam muito. O grau da curva também influencia, só que não é a única variável.

Adolescentes e dor

Em adolescentes, é comum a curva existir com pouca dor, ou com dor intermitente. O motivo é simples: o corpo ainda é mais flexível e o crescimento tende a “espalhar” a carga.

Quando a “escoliose dói” nessa fase, muitas vezes aparece após longos períodos sentado, mochila pesada, treino sem preparo, ou tensão muscular na região dorsal e lombar.

Mesmo com dor leve, vale avaliar quando existe progressão rápida da curva, assimetria aumentando, ou limitação para atividades.

Adultos e dor

Em adultos, a chance de dor é maior. Aqui entram dois cenários bem comuns: quem já tinha escoliose e passou anos sem acompanhamento, e a escoliose degenerativa, que surge com o desgaste da coluna ao longo do tempo.

Nesse grupo, a “escoliose dói” mais por compressões, instabilidade e sobrecarga de articulações e discos.

O incômodo também pode aparecer em outras áreas: quadril, glúteo, virilha, coxa, perna, pescoço e ombros, mas isso não significa que “espalhou”, significa que o alinhamento mudou e o corpo está compensando.

Gravidade da condição

Quanto maior a curva, maior o risco de dor e cansaço muscular, mas existem pessoas com curva grande e pouca dor, e outras com curva menor e dor importante.

O que costuma piorar a dor é a combinação de curva com sedentarismo, fraqueza muscular, rigidez, estresse e sono ruim.

Ângulo de Cobb: o número que organiza o diagnóstico

O grau da escoliose é medido em radiografia pelo ângulo de Cobb. Esse valor ajuda a definir a conduta, acompanhamento e risco de progressão.

  • Leve: em geral até 20 graus.
  • Moderada: cerca de 20 a 40 graus.
  • Mais avançada: acima de 40 a 50 graus (varia por idade e quadro).

O número não é “tudo”, mas orienta o plano. Em adolescentes, a fase de crescimento muda a velocidade de progressão, já em adultos, o foco costuma ser o controle de sintomas, função e qualidade de vida.

Dor irradiada: quando o incômodo sai das costas

Quando a dor desce para a perna, causa formigamento, queimação, dormência ou fraqueza, acende um alerta para irritação de nervo.

Isso pode acontecer em curvas mais rígidas, degeneração de disco, estreitamento do canal, ou instabilidade entre vértebras.

Procure avaliação com mais urgência se houver:

  • Fraqueza que atrapalha caminhar ou subir escadas;
  • Dormência progressiva;
  • Dor que não melhora com repouso e atrapalha o sono por vários dias;
  • Queda recente com dor forte;
  • Febre associada à dor intensa nas costas.

O que ajuda na prática a aliviar a dor da escoliose

O melhor caminho costuma ser conservador: movimento bem orientado, fortalecimento, melhora de mobilidade e hábitos que reduzem tensão.

Exercícios e fortalecimento

A escolha do exercício depende do seu padrão de curva, da dor e do condicionamento. Em geral, as opções mais usadas são:

  • Fisioterapia com foco em controle motor e estabilização;
  • RPG (quando bem indicada e bem conduzida);
  • Pilates com supervisão e progressão segura;
  • Natação e ciclismo como condicionamento de baixo impacto;
  • Caminhada para regular a dor, humor e sono.

Um ponto-chave: fortalecer sem piorar. Carga e técnica importam mais que “força bruta”.

Alongamento e mobilidade

Curvas costumam criar um lado mais encurtado e outro mais “esticado”. Alongar sem critério pode irritar áreas já sensíveis.

O ideal é alongamento direcionado, somado à mobilidade torácica e quadril. Quando a “escoliose dói” por rigidez, liberar a tensão ao redor da coluna costuma reduzir a dor rápido.

Medicamentos e intervenções

Em crise de dor, medicamentos podem ajudar por tempo curto, com orientação médica.

Anti-inflamatórios e analgésicos são úteis em alguns quadros, relaxantes musculares podem ser indicados em espasmo.

Em dor irradiada persistente, o médico pode considerar terapias específicas, porém, a regra é simples: remédio não substitui reabilitação.

Colete e cirurgia: quando considerar

Em adolescentes em fase de crescimento, o colete pode ser recomendado em curvas moderadas, com risco de progressão. A meta costuma ser segurar a curva, não “endireitar por completo”.

Cirurgia é exceção, indicada quando existe:

  • Progressão importante.
  • Curvas altas com risco funcional.
  • Deformidade significativa.
  • Dor incapacitante que não melhora com tratamento completo.
  • Complicações neurológicas em casos selecionados.

Em escoliose degenerativa, a decisão também considera o equilíbrio da coluna, instabilidade e compressão de nervos.

Quando procurar avaliação

Não espere a dor virar rotina. A avaliação com médico com especialização em escoliose é indicada quando você percebe repetição do padrão, piora progressiva, limitação para trabalhar, estudar, treinar ou dormir.

Leve para a consulta:

  • Quando começou a dor e em quais horários piora;
  • O que melhora e o que piora;
  • Se existe irradiação, dormência ou fraqueza;
  • Se já fez radiografia e qual foi o grau informado.

A escoliose dói em parte dos casos, mas o mais comum é dor muscular e mecânica. Dor irradiada ou fraqueza pedem atenção extra.

O melhor tratamento, na maioria das vezes, é reabilitação bem feita e constância.

FAQs

Escoliose dói sempre?
Não. Muita gente tem escoliose e não sente nada. Quando dói, costuma ser por sobrecarga muscular, rigidez e desgaste de estruturas ao redor.
Por que a dor piora em adultos?
Com o tempo, pode haver desgaste de discos e articulações, perda de flexibilidade e compensações mais marcadas. Isso aumenta a chance de dor recorrente.
Dor na perna pode ter relação?
Pode. Dor que desce para a perna, formigamento ou fraqueza sugerem irritação de nervo e merecem avaliação para definir a causa.
Exercício piora a escoliose?
Quando bem orientado, tende a ajudar. O foco é fortalecer, melhorar controle do tronco e reduzir tensão, sem exagero de carga e sem técnica errada.
Tem avaliação online para escoliose?
Uma triagem online pode ajudar a organizar sintomas, histórico e exames já feitos. Para medir curva e testar força e sensibilidade, avaliação presencial pode ser necessária.
Moro em Goiânia: quem devo procurar?
Procure ortopedista com atuação em coluna ou fisioterapeuta com experiência em escoliose, levando seus exames e relatando padrão da dor e limitações.

Dr. Aurélio Arantes

Especialista em ortopedia de coluna em Goiânia. Membro titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT) e da Sociedade Brasileira de Coluna (SBC). Preceptor do Departamento de Ortopedia e Traumatologia do HC-UFG e membro da diretoria da SBOT Goiás.

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Dr. Aurélio Arantes