Siringomielia: o que é, sintomas, diagnóstico e tratamento
Entendas as causas e como tratar a siringomielia.
Siringomielia é uma alteração da medula espinhal em que surge uma espécie de cisto, cheio de líquido, dentro dessa estrutura.
A cavidade, chamada siringe, pode ocupar diferentes trechos da medula espinhal e comprimir ou irritar as fibras nervosas que passam por ali.
É um problema pouco frequente na prática clínica, mas que pede atenção.
Em muitos casos, começa de forma discreta, quase sem chamar atenção, e com o tempo pode provocar perda de sensibilidade, fraqueza e outros déficits neurológicos quando não há diagnóstico e acompanhamento regulares.
Principais causas da siringomielia
A siringomielia não tem uma única causa. Em muitos casos, ela está associada a outras alterações da região da crânio-coluna ou da própria medula. Confira as origens mais frequentes:
- Malformações congênitas, como a síndrome de Chiari, em que a parte inferior do cerebelo desce para o canal vertebral e altera a circulação do líquor.
- Meningites, inflamações ou cirurgias na coluna que deixam cicatrizes internas e acabam prejudicando o caminho do líquor ao redor da medula.
- Traumas significativos na coluna, como batidas fortes em acidentes de trânsito ou quedas importantes.
- Alguns tumores que crescem na medula ou nas estruturas muito próximas acabam alterando o desenho normal da região.
Em uma parte dos casos, mesmo depois de exames detalhados, não se consegue definir com precisão qual foi a causa do quadro. Nessa situação, o quadro recebe o nome de siringomielia idiopática.
Sintomas mais comuns
Os sinais da siringomielia variam bastante conforme a localização e o tamanho da cavidade na medula.
Dois pacientes com exames parecidos podem relatar queixas diferentes, o que reforça a necessidade de avaliação individualizada.
Entre os sintomas mais descritos, destacam-se:
- Dor persistente no pescoço, ombros, braços ou costas.
- Formigamentos ou sensação de choque em membros superiores ou inferiores.
- Perda de sensibilidade à dor, ao calor e ao frio em determinadas áreas do corpo.
- Fraqueza muscular, com dificuldade para levantar objetos ou caminhar longas distâncias.
- Rigidez muscular e redução da coordenação motora.
- Alterações em reflexos, equilíbrio e postura.
- Em situações mais avançadas, problemas de controle de bexiga e intestino.
Uma característica marcante em alguns casos é a perda seletiva de certos tipos de sensibilidade, enquanto outros permanecem preservados.
A pessoa pode se queimar sem perceber, por exemplo, porque não sente bem o calor naquela região.
Quando suspeitar
Nem toda dor na coluna ou formigamento nos braços significa siringomielia. Apesar disso, alguns sinais levantam maior suspeita, especialmente quando se combinam ou persistem por muito tempo:
- Sintomas neurológicos assimétricos, pior em um lado do corpo.
- Queimação, dormência ou perda de sensibilidade em faixa, no tronco ou nos membros.
- Histórico de malformação de Chiari, meningite, trauma medular ou cirurgia na coluna.
- Piora lenta e progressiva, com impacto na marcha, coordenação e força.
Diante desse cenário, o ideal é consultar um médico referência em patologias da coluna, que poderá orientar os exames adequados e acompanhar a evolução de forma cuidadosa.
Exames usados no diagnóstico
O exame de escolha para investigar siringomielia é a ressonância magnética da coluna, que permite visualizar a medula em detalhes. Com ela, o especialista consegue:
- Identificar a presença da siringe e suas dimensões.
- Localizar exatamente em quais segmentos da medula está a cavidade.
- Verificar se existe malformação de Chiari, tumores ou outras alterações associadas.
- Acompanhar como o quadro muda ao longo do tempo, com retorno periódico e comparação de exames.
Em muito casos, também se solicita ressonância magnética do crânio, principalmente quando existe suspeita de alteração na região de transição entre crânio e coluna cervical.
Um exame neurológico bem detalhado, avaliando força, reflexos e diferentes tipos de sensibilidade, fecha o conjunto da investigação.
Tratamento
O tratamento é sempre individualizado e leva em conta a causa da siringomielia, a intensidade dos sintomas, a velocidade de progressão e o impacto na rotina do paciente.
De forma geral, as opções incluem:
Acompanhamento clínico
Quando a siringe é pequena, os sintomas são leves e estáveis, e não há sinais de piora neurológica, muitos especialistas optam por:
- Observação periódica com consultas regulares.
- Repetição de ressonância magnética em intervalos definidos.
- Controle de dor com medicações específicas, quando necessário.
- Orientações sobre cuidados com postura, atividades físicas e proteção da pele em áreas com sensibilidade alterada.
Esse acompanhamento ajuda a detectar qualquer mudança precoce, permitindo ajustar a conduta.
Tratamento cirúrgico
A cirurgia costuma ser considerada quando:
- Há piora progressiva de força e sensibilidade.
- A dor se torna intensa e limita a vida diária.
- A siringe está claramente associada a uma causa anatômica tratável, como uma malformação de Chiari ou tumor.
- Exames mostram risco elevado de dano neurológico permanente.
O objetivo não é apenas esvaziar a cavidade, mas, principalmente, corrigir o problema que levou à sua formação, como desobstruir a circulação do líquido cefalorraquidiano ou retirar um tumor.
Após a intervenção, a siringe pode reduzir de tamanho ao longo do tempo.
Prognóstico e qualidade de vida
Algumas pessoas passam anos com sintomas leves e pouca mudança no quadro. Outras percebem piora em menos tempo, com queda de força, dificuldade para manter o equilíbrio e alteração da sensibilidade.
Identificar o problema cedo, manter seguimento regular e definir com cuidado a hora certa de intervir faz diferença para proteger a função neurológica.
Fisioterapia, fortalecimento muscular, atenção com a pele e pequenos ajustes nas atividades do dia a dia ajudam a preservar independência e a tornar as tarefas mais seguras.
Buscar informação confiável, tirar dúvidas com o especialista e seguir o plano de acompanhamento proposto é fundamental para lidar melhor com a doença e planejar o futuro com mais tranquilidade.



