Patologias da Coluna

Artropatia facetária: sintomas, causas e como tratar

Guia completo para aliviar a dor da artropatia facetária e recuperar a mobilidade.

A artropatia facetária é uma das causas mais comuns de dor na coluna.

O problema começa nas facetas — as pequenas articulações que ligam uma vértebra à outra. Quando sofrem desgaste ou inflamação, tarefas simples ficam travadas: virar o pescoço, levantar da cadeira, amarrar o sapato.

Aqui você encontra o essencial: o que é, como notar os primeiros sinais, como confirmar com exames e quais tratamentos realmente oferecem alívio e recuperam a mobilidade.

O que é artropatia facetária

A artropatia facetária ocorre quando as facetas sofrem desgaste, inflamação ou sobrecarga mecânica. A cartilagem perde qualidade, o líquido sinovial pode reduzir e as superfícies passam a gerar atrito.

O resultado é dor, rigidez e limitação de movimento, com piora ao estender a coluna ou ficar muito tempo em pé.

Como as facetas funcionam

As facetas ficam na parte posterior da coluna e trabalham em dupla com os discos intervertebrais. Juntas, estabilizam e permitem flexão, extensão, inclinação e rotação.

Quando a biomecânica se desequilibra, a artropatia facetária ganha terreno e os sintomas aparecem.

Sintomas mais comuns

Os sinais variam conforme a região afetada, mas seguem um padrão:

  • Dor localizada na lombar, cervical ou torácica, com sensação de “peso” ou queimação.
  • Rigidez ao levantar da cama ou após ficar sentado por longos períodos.
  • Desconforto ao ficar em pé, girar o tronco ou estender a coluna.
  • Espasmos musculares próximos à área dolorida.
  • Dor que pode irradiar para nádegas e coxas, sem chegar ao pé na maioria dos casos.
  • Sensibilidade à palpação sobre as articulações afetadas.

Causas e fatores de risco

A artropatia facetária nasce de um combo de envelhecimento tecidual, sobrecarga e desequilíbrios posturais. Em muitos pacientes, mais de um fator atua ao mesmo tempo.

  1. Desgaste natural da cartilagem com a idade.
  2. Trabalho físico intenso, movimentos repetitivos e longas permanências na mesma posição.
  3. Obesidade e sedentarismo.
  4. Alterações de alinhamento, como escoliose leve ou espondilolistese.
  5. Sequências de lesões esportivas ou traumas de baixa energia que passaram despercebidos.
  6. Histórico familiar de osteoartrite.

Diagnóstico preciso

O diagnóstico começa pela consulta clínica, com avaliação de postura, amplitude de movimento e testes provocativos.

Exames de imagem ajudam a mapear a extensão do desgaste e excluir outras causas de dor, como hérnias.

  • Radiografia para avaliar alinhamento e sinais de artrose.
  • Ressonância magnética para analisar cartilagem, cápsula e tecidos moles.
  • Tomografia quando há dúvida estrutural óssea.
  • Bloqueio diagnóstico do ramo medial, útil em casos selecionados para confirmar a origem facetária.

Tratamento

O plano de cuidado busca aliviar a dor, controlar a inflamação, restaurar a força e devolver a função. Ele é construído por etapas, começando pelo conservador e avançando somente quando necessário.

Medidas iniciais

Antes de tudo, ajuste a rotina para reduzir picos de carga e respeitar o ritmo da coluna ao longo do dia.

  • Educação em dor e ergonomia para tarefas domésticas e trabalho.
  • Modulação de atividades, com pausas programadas e alternância de posturas.
  • Analgésicos e anti-inflamatórios, conforme prescrição.
  • Aplicação local de calor leve em fases rígidas e frio em crises inflamatórias.

Fisioterapia ativa

A base do tratamento da artropatia facetária é o movimento bem dosado. O foco é fortalecer musculatura estabilizadora, melhorar controle motor e ampliar a mobilidade sem irritar as facetas.

  • Fortalecimento de glúteos, paravertebrais e core.
  • Alongamentos direcionados, com progressão gradual.
  • Treino de resistência e condicionamento aeróbico de baixo impacto.
  • Trabalho respiratório para redução de tensão muscular.

Procedimentos minimamente invasivos

Quando a dor persiste apesar do cuidado conservador, algumas intervenções podem trazer alívio temporário ou prolongado. A indicação é sempre individual.

  • Infiltrações guiadas na faceta ou na cápsula.
  • Bloqueio do ramo medial para controle de dor.
  • Ablação por radiofrequência, alternativa para casos refratários selecionados.

Cirurgia

A cirurgia é rara na artropatia facetária. Em situações específicas, com instabilidade importante ou compressões associadas, pode-se considerar fusão segmentar após discussão criteriosa.

Exercícios seguros no dia a dia

Movimento bem escolhido ajuda a controlar a artropatia facetária. A orientação profissional orienta carga, volume e progressão.

  • Caminhada em terreno plano, com cadência confortável.
  • Bike ergométrica com selim ajustado, sem hiperextensão lombar.
  • Exercícios de ponte, bird dog e pranchas adaptadas.
  • Mobilidade torácica suave para distribuir cargas.

Prevenção e controle de recorrências

Alguns hábitos reduzem crises e mantêm a coluna funcional por mais tempo, cuja ideia é somar pequenos ajustes que cabem na rotina.

A minha recomendação enquanto especialista em coluna é:

  • Manter peso saudável e evitar longos períodos parado.
  • Organizar o posto de trabalho com ergonomia.
  • Distribuir tarefas que exigem rotação ou extensão repetida.
  • Fortalecer o core duas a três vezes por semana.

Quando procurar avaliação

Agende uma consulta se a dor limita atividades básicas, se há perda de força, formigamento persistente, febre associada ou histórico de trauma recente.

Um plano personalizado evita a piora e acelera a recuperação.

FAQs

Artropatia facetária é a mesma coisa que artrose nas facetas?

Os termos são usados como sinônimos em muitos contextos. Ambos descrevem desgaste e inflamação nas articulações facetárias, com dor e rigidez.

A artropatia facetária sempre causa dor irradiada?

Não. A dor costuma ser localizada. Irradiação para nádegas e coxas pode ocorrer, porém é menos comum chegar abaixo do joelho.

Exercício piora a artropatia facetária?

Exercício mal dosado pode irritar. Treino orientado melhora força, controle motor e tolerância à carga, o que reduz crises.

Infiltração resolve o problema de vez?

Infiltração reduz dor por um período, porém não substitui reabilitação. O melhor resultado vem da combinação com fisioterapia ativa.

Quando considerar ablação por radiofrequência?

Quando a dor persiste após tratamento conservador bem conduzido e o bloqueio diagnóstico indica origem facetária, a ablação pode ser opção.

Dr. Aurélio Arantes

Especialista em ortopedia de coluna em Goiânia. Membro titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT) e da Sociedade Brasileira de Coluna (SBC). Preceptor do Departamento de Ortopedia e Traumatologia do HC-UFG e membro da diretoria da SBOT Goiás.

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Dr. Aurélio Arantes