Patologias da Coluna

Cifose pós-traumática: o que é e como tratar

Entenda os sintomas de cifose pós-traumática, diagnóstico e opções de tratamento, com sinais de alerta e quando buscar especialista.

Cifose pós-traumática é uma deformidade adquirida da coluna que aparece após um trauma, como queda, acidente de trânsito ou impacto esportivo, e aumenta a curvatura para frente em um segmento.

Na prática, ocorre uma mudança estrutural no alinhamento, geralmente por fratura com perda de altura da vértebra, lesão do disco ou comprometimento de ligamentos que estabilizam a coluna.

Esse desarranjo pode gerar dor, rigidez, limitação de movimentos e, em situações específicas, risco neurológico.

Entender o que é ajuda a reconhecer quando a queixa é transitória e quando merece investigação objetiva com exames.

O que muda na coluna após o trauma

O mecanismo mais comum é a fratura por compressão do corpo vertebral. A parte anterior da vértebra colapsa mais do que a posterior e cria um formato em cunha.

Se a perda de altura é relevante, o segmento tende a “fechar” para frente, alterando a distribuição de cargas e gerando sobrecarga muscular ao redor.

Em traumas mais importantes, a fratura pode envolver componentes posteriores, o que aumenta a chance de instabilidade.

Quando o problema não é só ósseo, entram em cena lesões do disco intervertebral e de ligamentos posteriores, que reduz a capacidade de o segmento manter o alinhamento sob carga, favorecendo progressão da deformidade.

Em casos selecionados, fragmentos ósseos ou o próprio colapso podem estreitar o canal vertebral, elevando o risco de compressão de medula e raízes nervosas.

Por esse motivo, a cifose pós-traumática não fica restrita à postura, envolve avaliação de estabilidade e segurança neurológica.

Principais sintomas de cifose pós-traumática

Os sintomas variam conforme a região da coluna, o grau da angulação e a presença de instabilidade. Os mais frequentes são:

  • Dor localizada no ponto do trauma, com piora ao permanecer muito tempo em pé ou sentado;
  • Rigidez e redução da mobilidade, com dificuldade para inclinar, girar ou sustentar postura ereta;
  • Fadiga muscular nas costas e sensação de peso no tronco;
  • Mudança visível da postura, principalmente na coluna torácica, com aumento da curvatura para frente.

Sinais que exigem avaliação rápida

  • Fraqueza em braços ou pernas;
  • Dormência persistente;
  • Dor irradiada com piora progressiva;
  • Dificuldade para caminhar;
  • Alteração de coordenação;
  • Perda de controle urinário ou intestinal;
  • Dor intensa noturna que progride;
  • Febre associada.

Nessas situações, a prioridade é excluir comprometimento neurológico ou complicações associadas.

Como é feito o diagnóstico

A avaliação começa com a história detalhada do trauma e da evolução da dor, somada ao exame físico com testes de mobilidade e avaliação neurológica (força, sensibilidade, reflexos e marcha).

  1. Radiografias em pé costumam ser o primeiro passo para medir o ângulo e verificar a perda de altura vertebral;
  2. A tomografia é útil para mapear o traço de fratura, a consolidação e detalhes anatômicos do osso;
  3. A ressonância magnética contribui quando existe suspeita de lesão ligamentar ou discal, edema ósseo persistente, comprometimento do canal vertebral, ou quando os sintomas não combinam com o que aparece no raio-x.

Tratamento conservador e quando considerar cirurgia

O tratamento depende do padrão da fratura, do grau de deformidade, da estabilidade, da idade, da qualidade óssea e do impacto funcional.

Em quadros estáveis, sem déficit neurológico e com controle adequado da dor, a abordagem costuma ser conservadora, com foco em reduzir os sintomas e evitar a piora do alinhamento.

  • Controle de dor: analgésicos e anti-inflamatórios quando indicados, com orientação médica e atenção a riscos gastrointestinais e renais;
  • Reabilitação: fisioterapia com estabilização do tronco, fortalecimento progressivo, mobilidade segura e reeducação postural;
  • Órteses: coletes podem ser recomendados por tempo definido, em fraturas selecionadas, para reduzir micro movimentos dolorosos e facilitar a cicatrização;
  • Base óssea: em pessoas com osteopenia ou osteoporose, tratar a causa de fragilidade ajuda a reduzir novas fraturas e progressão de deformidade.

Cirurgia

A cirurgia é considerada quando há instabilidade clara, deformidade que progride, dor refratária bem documentada, compressão neurológica ou desequilíbrio do tronco que compromete a função.

As técnicas variam conforme o caso: estabilização com instrumentação, correção do alinhamento e, quando necessário, descompressão de estruturas neurais.

O objetivo é restaurar a estabilidade, melhorar a mecânica e proteger a medula e raízes nervosas.

Reabilitação, retorno à rotina e acompanhamento

A recuperação é gradual. Mesmo após a consolidação óssea, o corpo mantém padrões de proteção que precisam ser corrigidos com treino e progressão de carga.

Um plano bem conduzido trabalha resistência do tronco, mobilidade segmentar segura, função de quadril e cintura escapular, além de condicionamento geral.

Para quem pratica esporte ou trabalho físico, o retorno deve ser por etapas, com metas de força, controle e tolerância à atividade.

Se surgir dúvida sobre piora, observe marcadores práticos:

  • Dor aumentando com o passar das semanas;
  • Postura mais inclinada;
  • Menor tolerância para ficar em pé;
  • Necessidade de apoio para tarefas simples;
  • Aparecimento de sintomas neurológicos.

Nesses casos, reavaliar e comparar exames é parte do cuidado adequado.

Quando buscar avaliação especializada

Procure avaliação quando houver dor persistente após trauma, deformidade perceptível, limitação progressiva ou sinais neurológicos.

Uma avaliação especializada com ortopedista de coluna reduz incertezas, direciona os exames corretos e evita atrasos em quadros que exigem intervenção.

Mesmo em casos estáveis, o acompanhamento bem orientado melhora a adesão ao tratamento e reduz o risco de recaídas.

FAQs

Cifose pós-traumática é sempre grave?

Não. Existem casos leves e estáveis que evoluem bem com reabilitação. Fica mais preocupante quando há instabilidade, progressão do ângulo, dor refratária ou sinais neurológicos.

Quais exames confirmam o problema?

Radiografias em pé medem alinhamento e perda de altura. Tomografia detalha a fratura e consolidação. Ressonância avalia disco, ligamentos e possíveis compressões neurais.

Dá para começar avaliação online?

Sim, a triagem online pode orientar sinais de alerta e organizar o plano de exames. A confirmação do alinhamento e testes físicos costumam exigir avaliação presencial em algum momento.

Onde buscar avaliação em Goiânia?

Procure serviço com especialista em coluna e acesso a exames de imagem. Levar exames anteriores ajuda a comparar medidas e acompanhar a evolução de forma segura.

Coletê resolve a deformidade?

Em casos selecionados, o colete reduz dor e protege durante a fase aguda. Ele não corrige deformidade fixa. A estratégia central costuma incluir reabilitação e acompanhamento.

Dr. Aurélio Arantes

Especialista em ortopedia de coluna em Goiânia. Membro titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT) e da Sociedade Brasileira de Coluna (SBC). Preceptor do Departamento de Ortopedia e Traumatologia do HC-UFG e membro da diretoria da SBOT Goiás.

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