Patologias da Coluna

Mal de Pott: sintomas, diagnóstico e tratamento

Guia completo com sinais de alerta e como tratar o mal de Pott.

Mal de Pott é a tuberculose que atinge a coluna. A bactéria Mycobacterium tuberculosis chega às vértebras a partir do pulmão e inflama os ossos e os discos.

O quadro costuma começar com dor nas costas que não passa. Em casos mais avançados, surgem fraqueza nas pernas, formigamentos e alteração da marcha.

Sem cuidado adequado, a coluna pode deformar, como também pode ocorrer compressão dos nervos, com risco de perda de força e sensibilidade.

Reconhecer cedo muda o desfecho, onde o diagnóstico rápido e tratamento dirigido reduzem complicações e preservam a função.

O que é mal de Pott

Mal de Pott, também chamado tuberculose espinhal ou espondilite tuberculosa, é uma infecção crônica da coluna, e costuma comprometer principalmente os segmentos torácico e lombar.

A doença começa no corpo vertebral, pode avançar para o disco e formar abscessos paravertebrais.

A evolução é lenta, porém, progressiva, o que explica o atraso frequente no diagnóstico.

Principais sintomas

Os sintomas variam conforme a fase da infecção e a extensão do comprometimento ósseo e neurológico.

  • Dor nas costas persistente (cervical, torácica ou lombar).
  • Rigidez e redução da mobilidade.
  • Fraqueza ou formigamento em pernas e, às vezes, braços.
  • Perda de peso, cansaço e febre baixa.
  • Deformidade progressiva da coluna, com cifose.
  • Dor ao toque e possível massa paravertebral.

Em fases adiantadas, o mal de Pott pode causar compressão medular, com alteração de marcha, perda de força, distúrbios esfincterianos e dor intensa.

Fatores de risco e como a infecção se instala

A tuberculose se transmite pelo ar, a partir de gotículas liberadas por quem está com a forma pulmonar. Depois que o pulmão é infectado, parte dos bacilos pode entrar na circulação e se alojar nas vértebras.

O risco sobe em contextos de desnutrição, diabetes, uso abusivo de álcool, drogas, imunossupressão (como HIV), moradias superlotadas e pouca disponibilidade de atendimento médico.

Esses cenários favorecem a evolução para o acometimento da coluna.

Como confirmar o diagnóstico

O diagnóstico combina avaliação clínica com exames laboratoriais e de imagem. O objetivo é confirmar a presença do bacilo e mensurar a extensão óssea e neurológica.

  • Exames de imagem: radiografia, tomografia computadorizada e ressonância magnética (método mais sensível para partes moles, disco e medula).
  • Provas imunológicas: teste cutâneo de tuberculina (PPD) ou exames de sangue para TB.
  • Confirmação etiológica: biópsia óssea com histologia e pesquisa de bacilos álcool-ácido resistentes.
  • Outros: cultura e testes moleculares para detectar resistência a medicamentos.

Como o mal de Pott pode simular outras doenças da coluna, a confirmação microbiológica orienta o esquema terapêutico e reduz falhas de tratamento.

Tratamento

O tratamento é baseado em antibióticos específicos por meses, com monitorização clínica, laboratorial e por imagem.

O esquema padrão combina drogas de primeira linha e, quando necessário, alternativas para resistência.

  1. Fase intensiva: associação de fármacos por cerca de 2 meses.
  2. Fase de continuação: manutenção com dois agentes por 4 a 12 meses, conforme resposta.
  3. Imobilização e analgesia: colete, controle da dor e proteção da coluna.
  4. Fisioterapia: preserva a mobilidade, força e equilíbrio, reduzindo a rigidez.

Quando há abscesso volumoso, deformidade progressiva, instabilidade ou déficit neurológico, a cirurgia pode ser indicada para desbridamento, drenagem, descompressão e estabilização com instrumentação e, se necessário, artrodese.

Complicações possíveis

O atraso terapêutico no mal de Pott aumenta o risco de colapso vertebral, cifose dolorosa, compressão medular, paraplegia, dor crônica e limitação funcional.

A detecção precoce encurta o tratamento e melhora o desfecho.

Prognóstico e retorno às atividades

Com diagnóstico e antibióticoterapia adequados, a maioria dos pacientes evolui bem. O tempo para retomar trabalho e exercícios depende da extensão óssea, do controle de dor e da estabilidade.

Quem apresentou déficit neurológico pode precisar de reabilitação prolongada.

Prevenção e acompanhamento

Para evitar a progressão da doença e outras complicações, a minha orientação é:

  • Tratar adequadamente a tuberculose pulmonar.
  • Rastrear contatos e realizar testes quando indicado.
  • Garantir adesão ao esquema completo, sem interrupções.
  • Controlar comorbidades e otimizar a nutrição.
  • Manter seguimento com imagem até consolidação e estabilidade.

Caso você tenha sido diagnosticado com mal de Pott, estou à sua disposição para esclarecer qualquer dúvida.

FAQs

Mal de Pott é contagioso?

Não. A transmissão ocorre quando há tuberculose ativa nos pulmões. A forma espinhal indica focos fora do pulmão.

Quanto tempo dura o tratamento?

Geralmente entre 6 e 12 meses, variando com resposta clínica, controle de dor, imagem e presença de resistência bacteriana.

Quando a cirurgia é necessária?

Em casos de abscesso extenso, instabilidade, deformidade progressiva ou déficit neurológico. O objetivo é descomprimir, alinhar e estabilizar.

Mal de Pott deixa sequela?

Pode deixar dor e deformidade quando há atraso diagnóstico. Com tratamento precoce, a chance de sequelas reduz bastante.

Fisioterapia é sempre indicada?

Sim, para preservar mobilidade, força e estabilidade. O programa é individualizado conforme dor, estágio da doença e cirurgia prévia.

Dr. Aurélio Arantes

Especialista em ortopedia de coluna em Goiânia. Membro titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT) e da Sociedade Brasileira de Coluna (SBC). Preceptor do Departamento de Ortopedia e Traumatologia do HC-UFG e membro da diretoria da SBOT Goiás.

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Dr. Aurélio Arantes